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Do mundo dos gringos para o Brasil: O fenômeno Black Friday

  • Mayara Affonso
  • 22 de nov. de 2017
  • 7 min de leitura

Apesar da sexta-feira ainda não ter chegado. algumas lojas já entraram no clima com ofertas progressivas

Black Friday é uma expressão em língua inglesa, que significa Sexta-Feira Negra, tendo se popularizado na década de 1990, nos Estados Unidos, marcando o início das compras de Natal. O termo surgiu na Filadélfia, quando os lojistas tentaram introduzir o Big Friday, uma sexta-feira para compras de produtos com preços mais baratos. Contudo, na época da Big Friday sempre havia muita confusão entre os consumidores, que se atropelavam na hora de entrar em uma loja, gerando brigas. Isso fez com que os policiais que patrulhavam as ruas nesse dia apelidassem a data de Black Friday, realizada no dia seguinte ao feriado de Ação de Graças, o Thanksgiving, que acontece na última quinta-feira de novembro.

Segundo as más línguas…

O termo Black Friday já foi associado à crise financeira que assolou os Estados Unidos no ano de 1869, se popularizando a partir de 1966, em todo o mundo. Contudo, somente no ano 1975 o termo ganhou fama, quando foi citado por artigos de opinião publicados em jornais que falavam da loucura provocada pela data.

A Black Friday também já fez referência a períodos de conforto e calmaria financeira para os varejistas. No começo dos anos 1980, uma teoria dizia que a cor vermelha era utilizada para se referir aos valores negativos da economia, enquanto a preta simbolizava valores positivos. Além disso, muitos acreditavam que essa fase de abstenção era evidenciada entre os meses de janeiro a novembro, e a melhoria só teria início no dia seguinte ao feriado de Ação de Graças, permanecendo até o fim do ano.

Anos depois, a expressão Black Friday foi usada pelos comerciantes para indicar o período de superfaturamento do ano e, desde então, é a época mais aguardada por eles. Na sexta-feira após o Thanksgiving, muitas lojas antecipam seu horário de abertura, algumas até abrem com quatro horas de antecedência, com o objetivo de atrair o maior número de consumidores possíveis. As ofertas são das mais variadas, o que faz com que milhares de pessoas enfrentem filas enormes para o pagamento dos produtos adquiridos.

Apesar da data não ser considerada como um feriado, muitas pessoas nos Estados Unidos ganham o dia de folga para aproveitarem os descontos, que chegam até 80% do preço original. O evento também se tornou popular por oferecer preços que são considerados mais atrativos do que os praticados no período natalino.

Todos os anos existem casos de confrontos entre clientes, uma vez que a demanda descontrolada causa ruptura nos estoques e as mercadorias se esgotam rapidamente. Há casos de pessoas que também passam mal dentro das lojas, sempre sobrelotadas.

A Black Friday no Brasil

A primeira Black Friday no Brasil aconteceu no dia 28 de novembro de 2010 através da venda de produtos pela internet, e reuniu mais de 50 lojas de varejo nacional. Em 2013, a data bateu recorde de faturamento, atingindo a marca de R$770 milhões de reais vendidos no comércio online. Os produtos mais comprados foram smartphones e televisores, que tiveram descontos de cerca de 16% para celulares e 19% para televisores.

De acordo com a consultoria E-Bit, no ano de 2014, a Black Friday gerou R$ 1,2 bilhão em vendas on-line, o que corresponde a 3,5% do faturamento anual. A data se consolidou no país como uma das mais importantes para o comércio virtual.

No último ano, as vendas no período tiveram uma alta de 17%, mas para 2017, a expectativa é que esse número cresça para 20%. A estimativa é que a movimentação do comércio eletrônico nacional atinja a marca de R$ 2,185 milhões. Além disso, segundo uma pesquisa feita pela E-Bit, os produtos mais procurados pelos consumidores são aparelhos eletrônicos, com 34% da intenção de compra, seguidos pelos eletrodomésticos (27%) e informática (24%). Aparelhos celulares ocupam a quarta posição, com 23% de intenções de compra.

Black Fraude?

Para reduzir e evitar as práticas fraudulentas durante esse período, como a presença de preços e descontos incorretos, a câmara brasileira de comércio eletrônico (Câmara e-net), criou um código de ética para a Black Friday e publicou uma lista das lojas que estavam dentro das normas. Mesmo assim, o especialista em Marketing Rafael de Souza explica que é preciso tomar cuidado com propagandas enganosas. “É importante analisar os preços, porque o consumidor tem uma noção básica de quanto vale um produto. É essencial pesquisar nos dias que antecedem a Black Friday para saberem se os descontos são reais ou não.”

É sempre bom ficar atento aos preços fraudulentos de algumas lojas. Foto: Geralt/Pixabay

Assim como nos Estados Unidos, a Black Friday no Brasil acontece todo ano, na sexta-feira seguinte à penúltima quinta-feira de novembro. Atualmente, as lojas físicas também participam da data, ofertando mercadorias com descontos de até 70%. Contudo, o cliente precisa estar atento aos descontos “maquiados”, ou seja, preços estipulados pelas lojas de forma indevida, em que os comerciantes sobem o valor de alguns produtos antes da Black Friday e baixam no dia do evento, ofertando megadescontos.

Rafael ressalta que, caso o consumidor note que uma loja ou até mesmo um site esteja fazendo propaganda enganosa, é preciso registrar uma denúncia no Procon, porque é através dessa queixa que as fraudes serão combatidas. “Caso a fraude seja constatada, a empresa poderá ser multada, visto que nessas situações, a lei protege o consumidor. Existe uma regulamentação própria para a Black Friday, sendo ilegal aumentar os preços na data e depois abaixar”, explica.

Apesar de haver uma regulamentação específica para a Black Friday, o Procon não consegue fiscalizar todas as lojas. Segundo o especialista em marketing, os riscos de fraude nas lojas virtuais são menores do que nas lojas físicas, o que aumenta, ainda a mais, a necessidade de participação do consumidor caso haja promoções enganosas.

A estudante Marília Ribeiro comenta à respeito da Black Friday.

Segmentação de anúncio

O especialista em marketing Rafael de Souza, explica que os anúncios promocionais da Black Friday seguem à risca uma estratégia de público. “Tem um planejamento de mídia que é voltado para cada tipo de público. As campanhas são nichadas de acordo com o tipo de público que se queira atingir. É possível anunciar no facebook uma campanha voltada para pessoas entre 30 e 40 anos e ofertar produtos só para elas.”

Dessa forma, vários tipos de mídia anunciam om o objetivo de atingir públicos distintos, o que possibilita uma melhor comunicação entre marca e consumidor. “As marcas fazem campanhas menores, investem um pouco de dinheiro em cada anúncio e como são campanhas mais nichadas, o resultado é bem maior, porque o retorno do cliente é mais imediato”, conta Rafael.

Observando a Black Friday americana

O designer gráfico Bernardo dos Santos esteve em Nova York no ano de 2015 durante o período do Thanksgiving e, consequentemente, presenciou a Black Friday na cidade. De acordo com Bernardo, os preços de alguns produtos nos Estados Unidos geralmente são justos, quando comparados com o Brasil, mas estavam ainda mais em conta no período da Black Friday. “Se pararmos para comparar, a maioria dos produtos que compramos são mais baratos no exterior. Então, muita gente aproveita para viajar para os EUA nesse período, porque os produtos eletrônicos no Brasil possuem preços exorbitantes.”

Para Bernardo, os americanos levam a data muito a sério, visto que a maioria das pessoas chegava nas lojas horas antes delas abrirem para garantir um lugar na fila.“Foi uma correria só, quando as portas se abriram a maioria corria para a área de eletrodomésticos e ia direto pegar televisores, notebooks e aparelhos celulares, com preços bem mais baratos do que os originais”, relembra

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Além disso, Bernardo notou que não só a Black Friday é levada a sério pelos americanos, mas sim todo e qualquer feriado. No dia do Thanksgiving, a loja de departamentos Macy’s sempre oferece o Macy’s Thanksgiving Parade, um desfile anual que sempre atrai mais de três milhões de espectadores para assistirem ao desfile nas calçadas de Manhattan. “Achei muito legal o desfile da Macy’s com todos os famosos balões gigantes nos formatos de personagens que eu adoro, como o Mickey Mouse, Snoopy e Homem-Aranha. Acredito que a data atrai muitas pessoas, que geralmente visitam a cidade e ficam até a Black Friday”, conta.

O tradicional desfile da Macy's conta com balões de vários personagens de desenho, como o Snoopy. Foto: PilotBrent/Pixabay

Para o designer, é difícil verificar se a Black Friday funciona no Brasil, visto que muitos comerciantes e donos de negócios podem usufruir da data para lucrarem de forma indevida. “Os preços aqui já são altos, então se o cliente não ficar atento, ele pode acabar pagando um preço maior do que o valor original, pois muitas lojas mentem ao dizer que o produto está com desconto, quando, na verdade, o valor pode ter sido aumentado de maneira proposital.”

Mas há quem goste

A estudante de arquitetura Bruna Bastos está na expectativa de encontrar bons produtos com preços acessíveis na Black Friday. Bruna conta que sempre chega ao shopping um pouco antes do estabelecimento abrir a fim de evitar filas nas grandes lojas de departamento e também para garantir a mercadoria. “No ano passado eu cheguei no shopping uma hora antes, porque geralmente fica muito lotado. Esperei as Lojas Americanas abrirem e corri para procurar aquilo que estava precisando comprar. Mesmo chegando cedo, enfrentei fila, mas consegui comprar as coisas que eu queria”, relembra. “Eu fico ansiosa o ano inteiro pela Black Friday”.

Bruna explica que, para aproveitar as promoções da Black Friday, é preciso se planejar com antecedência. A estudante conta que desde o começo do ano começa a juntar dinheiro, pois caso contrário, não conseguiria usufruir dessa data da forma que gostaria. “Sempre que posso, guardo um dinheirinho na poupança. Não acho bom negócio utilizar o cartão de crédito, pois isso pode gerar um descontrole nas minhas finanças. Acredito que vale a pena juntar dinheiro, pois sempre acho muita coisa que preciso, com preço legal.”

Para a estudante, é preciso conhecer o valor dos produtos no decorrer do ano e pesquisar o quanto eles valem em diferentes lojas e sites, pois alguns deles podem aumentar o preço na Black Friday e alegar que o mesmo está com desconto. “Já ouvi pessoas dizerem que a black não passa de uma fraude, mas eu conheço o valor das coisas que compro, e sei que isso não é verdade”, diz.

Durante a Black Friday, Bruna normalmente compra utensílios para casa, produtos eletrônicos, livros e box de séries e filmes para ampliar a sua coleção. Ela conta que além da Black Friday, é sempre bom ficar atento às comemorações de aniversário de grandes lojas de departamento, pois elas oferecem descontos em quase todos os produtos. “Esse ano fiz boas compras na Saraiva, no mês de aniversário da loja. Tinha vários tipos de livros, cd’s e box de vários filmes e séries em promoção.. Obtive descontos progressivos, pois quanto mais eu comprava, menos eu pagava.”

 
 
 

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*Trabalho da disciplina "Mergulhão de Hipermídia". Professores responsáveis: Flávio Lins e Wendell Guiducci.

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