Comprar na China vale a pena?
- Isys Bastos
- 16 de nov. de 2017
- 4 min de leitura

Foto: Pixabay/422737
Desde meados da década de 1980 e mais fortemente a partir de 1990, a globalização - termo que engloba os processos internacionais de integração em diversos aspectos - tem sido termo recorrente e muito popular. Essa definição atualmente se aplica em contextos sociais, intelectuais, econômicos e inclusive ambientais.
No que diz respeito ao comércio, um fator que potencializou o cenário que temos hoje é, sem dúvidas, a internet. Com a possibilidade de comprar um produto sem sair de casa, muito mais que a oferta de comodidade, há também uma atração maior pela compra, pelas promoções e afins. Nesse contexto, temos as compras internacionais, em sites populares como o Aliexpress.
O Aliexpress é um serviço de comércio online, fundado em 2010 e que pertence ao Alibaba Group - grupo de empresas de propriedade privada com sede em Hangzhou, China. O site em si não vende produtos, ele apenas oferece a ponte entre consumidores e empresas. Seu objetivo é atingir o mercado internacional e, por isso, os próprios consumidores chineses não têm permissão para comprar nele. O foco do Alibaba são países da América e Europa, como Estados Unidos, Rússia, Espanha e Brasil, visando a concorrência com outros site de e-commerce famosos como Amazon e eBay.
Segundo o serviço PayPal, a China é o segundo país preferido pelos brasileiros para se fazer compras, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. No início, os produtos eram coisas mais simples e de baixa qualidade, entretanto, com o crescimento da plataforma, hoje já é possível encontrar itens da mais alta tecnologia, como celulares e artigos para carro, além de roupas e acessórios com qualidade e preço também acessível. Em outubro deste ano, uma análise feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou que 22% dos internautas brasileiros fazem compra em sites internacionais.
O que também atrai muitas pessoas é a oportunidade de fazer a compra com frete grátis, já que, mesmo remetendo a mercadoria para países distantes como o Brasil, muitos vendedores não cobram a taxa de envio. Isso acontece devido à alta demanda de produção, que permite que essas empresas chinesas estabeleçam convênios com companhias áreas e de navegação.
Mas ao mesmo tempo que muitas pessoas já aderiram a esse estilo de compra, tantas outras ainda têm receio, uma vez que são diversos os fatores que podem prejudicar a compra: o vendedor, se não for de confiança, pode não enviar o produto, ou o mesmo pode ser extraviado no caminho; a Receita

Federal pode taxar a mercadoria dependendo de seu valor e tamanho - aumentando o preço em até 60% - ou, ainda, o produto pode não ser absolutamente nada do que você tinha imaginado ao ver o anúncio.
“Procuro verificar se a loja é segura através da opinião de outros compradores”, explica a cirurgiã dentista Ludmilla Santos, que faz compras no site desde 2012. “Também fico atenta à avaliação do vendedor e nas fotos reais, que outros compradores enviam nos comentários.” A reputação do vendedor é um dos fatores importantes a serem observados durante a compra, e além disso, o site também oferece a oportunidade de conversar, em inglês, e tirar dúvidas sobre o produto, através da opção “chat”.
Outra ferramenta da política do site é o “prazo de proteção de compra”, estipulado pelo vendedor em relação à data que se estima que o produto chegará ao endereço de destino. Entretanto, se esse período está terminando e a encomenda não chegou, é possível pedir ao vendedor para que o prazo de proteção seja estendido em até 60 dias. Se mesmo assim nada chegar, é direito do comprador ter o reembolso completo, através da opção “abrir disputa”. Da mesma forma, se o produto não for como descrito na imagem, ou chegar danificado, é possível retorná-lo ao vendedor ou mantê-lo, com reembolso.
Ainda que muitas pessoas não estejam conscientes de todas essas opções, nada impede que a compra na China seja uma febre na internet. “Comecei a comprar em 2011, quando vi algumas propagandas e pesquisei sobre o site”, conta a estudante Kenia Dias.

Foto: Kenia Dias/Isadora Faria
“Já comprei mais de 200 produtos, entre eles acessórios para maquiagem, itens de papelaria, produtos eletrônicos, estéticos, acessórios de moda, bijuterias, decoração, cosméticos, entre outras coisas.”
Mas fatores externos à negociação no site também podem influenciar na entrega do produto, como o imposto de importação da Receita Federal. “Já fui taxada em um celular comprado no Aliexpress e também em um perfume cujo valor da taxa superava o do produto, mas como era edição limitada, decidir manter”, explica Kenia. O valor da tributação fica a cargo da Receita Federal, sendo que o valor do imposto de importação equivale a 60% do valor aduaneiro, considerando o valor do produto, o frete e o seguro, se houver. O pagamento só pode ser feito em dinheiro e, caso o cliente não concorde com o valor, é possível pedir a revisão do tributo, mediante a apresentação de documentação que comprove o valor pago, desde que a encomenda não tenha sido aberta.

Uma outra forma de investimento nos produtos da China é a revenda. “O valor é muito mais barato do que aqui no Brasil”, explica Mandora Meirelles, que tem sua própria loja online com produtos que compra da China. “Algumas coisas você consegue até com exclusividade, porque tem muita novidade lá que não tem aqui.”
Segundo ela, a ideia tem dado muito certo, e os produtos, quando chegam, vendem bem rápido. “Ainda existem muitas pessoas que têm medo de comprar pela internet, então acaba sendo uma opção mais viável, principalmente para os produtos que não vendem aqui.”
Foto: Mandora Meirelles / Matheus Freitas
De acordo com especialistas, o risco de fazer compras internacionais é o mesmo que em qualquer site, uma vez que o importante é estar atento às informações que estes disponibilizam com relação às diretrizes de venda. Acima de tudo, o comprador deve analisar e comparar cuidadosamente o produto no Brasil com o do exterior, para avaliar de forma justa e sem erros se é um bom negócio.
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